O próximo ano deverá ser marcado por mudanças substanciais no cenário das políticas públicas no Brasil, o que abre novas janelas de oportunidade para o investimento social privado. Após dois anos de incertezas vindas da pandemia de Covid-19, e quatro anos com políticas públicas erráticas em áreas estratégicas, vemos adiante um contexto de mais previsibilidade nas relações socioeconômicas e culturais.
Com um maior controle dos efeitos do coronavírus, haverá menos incerteza quanto à possibilidade de financiamento e de realização de programas e projetos. Além disso, a expectativa é de que haja uma retomada de políticas públicas estruturantes pelo governo federal, sobretudo no campo social.
Desta forma, será possível utilizar essas políticas como âncora para atuação e parâmetro na definição de indicadores e resultados esperados. As linhas de financiamento internacionais também devem aumentar a partir do realinhamento às agendas globais de responsabilidade socioambiental e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A partir disso, o que esperar?
Durante a campanha eleitoral, o Presidente eleito Lula se comprometeu a retomar o diálogo com os entes federados e setores representativos da sociedade brasileira. Esperamos, portanto, que um novo pacto seja estabelecido no Brasil entre Estado, sociedade civil e setor produtivo, de modo a recuperar premissas importantes e atualizar a agenda de desafios no campo do bem-estar social.
Nesse sentido, deverão ser retomados e/ou fortalecidos os espaços participativos tradicionais, como os conselhos, conferências e ouvidorias. Novas instâncias de transparência, consulta e controle social, tanto presenciais quanto digitais, devem ser criadas. O novo governo deve também recuperar e reforçar os órgãos de inteligência, estratégia e pesquisa social, tais como IPEA, IBGE, ENAP, entre outros. A retomada do investimento público em políticas sociais mais robustas em termos conceituais e orçamentários-financeiros é outro passo fundamental.
Os desafios neste momento são muitos: a) combater a fome e a desnutrição; b) assegurar o financiamento permanente de políticas públicas estratégicas; c) promover a transição para uma economia de baixo carbono e com desmatamento zero; d) ampliar a cobertura vacinal; e) digitalizar e integrar serviços públicos; f) adequar o investimento em educação para os diferentes ciclos de ensino; atualizar o currículo escolar em diálogo com a realidade contemporânea (nacionalizado, e ao mesmo tempo, regionalizado); g) combater todas as formas de preconceito e discriminação; h) proteger trabalhadores e pequenos empreendedores que estão atualmente em um mercado de trabalho informal e cada vez mais conectado; entre muitos outros.
Atores do Investimento Social Privado devem trazer suas contribuições e apoiar com recursos humanos e financeiros o enfrentamento dos desafios que se avizinham. O investimento público e o capital privado devem atuar de forma integrada para que o Brasil se volte a um futuro mais justo e inclusivo, eliminando os abismos econômicos, a miséria e as diversas formas de discriminação.
Por aqui, garantimos que a tr3s Consultoria Social buscará estar atenta e preparada para dar sua contribuição neste processo, seja na atuação direta em iniciativas sociais, seja por meio da reflexão e da participação ativa em um ambiente de trocas e aprendizados.
Que venham novos tempos!
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